daniel lopes
A festa da «Dona Lontra Bernardina», na Escola EB 2,3 Jacinto Correia de Lagoa
Quando o imaginário se une à criatividade dos jovens, nascem iniciativas como as dinamizações do conto «As Asas de Dona Lontra Bernardina», que ocuparam o espaço recreativo da Escola EB 2,3 Jacinto Correia, numa destas manhãs.
Participaram cerca de 600 alunos, desde o pré-escolar ao ensino secundário, que mostraram a riqueza biológica, histórica e geológica do concelho de Lagoa.
Esta iniciativa surgiu no âmbito do Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte (PREAA), no âmbito da temática «Os Contos do Mago».
Helena Tapadinhas, autora do livro e coordenadora do PREAA, explicou que «os alunos apresentaram diversos trabalhos, construídos ao longo do ano, dando a conhecer o seu território de proximidade». O concelho de «Lagoa e o imaginário atuaram nas intervenções, motivando para a pedagogia e para a criação», sublinhou.
O Parque Municipal do Sítio das Fontes, habitat de lontras, mereceu destaque, pelo seu valor geológico e ambiental. (...).
As apresentações utilizaram «o conto para transmitir valores de preservação do património ambiental, como a preservação da floresta mediterrânica», acrescentou.
Rui Afonso, formador e pedagogo que trouxe o conto às escolas e o contou aos alunos, explicou, por seu lado, que «o mais importante é a aprendizagem envolvida, que dá forma, ferramentas e oportunidades para desenvolver as questões ambientais através da expressão artística».
«Esta ação é importante para a sensibilização ambiental, mas é visível que a população tem mais conhecimento sobre os problemas ambientais, é mais consciente e há um reforço positivo na preservação» (...).
«Os professores tiveram um papel importante na motivação, orientação e apoio aos projetos dos alunos, e têm agora a função de dar continuidade à motivação dos jovens», considerou Rui Afonso.
O PREAA não se destina só à formação dos alunos, mas «também é direcionado para a formação de professores, numa rede estruturada por todo o Algarve», disse Helena Tapadinhas. Para além disso, «no Algarve inteiro há outras escolas que trabalham nos Contos do Mago».
A dinamização do conto «As Asas de Dona Lontra Bernardina», integrada no PREAA promovido pela Direção Regional de Educação do Algarve, contou com o apoio da Câmara Municipal de Lagoa.
Viver o conto no percurso
Em toda a área de lazer da Escola EB 2,3 Jacinto Correia havia muita azáfama, característica de um espaço cheio de jovens, exposições e atividades onde os alunos assumiram um papel ativo.
Logo à entrada, estava «Dona Lontra Bernardina», à sombra, recebendo os visitantes. Uma lontra criada por jovens do ensino especial, através de materiais reciclados como revistas, telas e pinhas. Perto, havia uma «barraca» onde se ensinava a destilar ervas naturais.
Mais à frente, uma exposição exibia pão com mel e frutos regionais. O aluno Mateus Beleça explicava a outros jovens como se fazia o pão e quais as mudanças até aos nossos dias. Falou de tratores, de burros de carga, do lavrar da terra e de sementes.
«É importante os moços terem uma educação animada para as questões do ambiente, para aprenderem com atenção e não acharem uma seca», confessou Mateus.
Do outro lado do pátio, alguns alunos mostravam «o chá, que significa a poção», como disse Mara Rocha ao «barlavento». Para esta aluna, «é importante preservar as árvores para podermos respirar».
Houve peças de teatro, interpretadas pelos alunos, que contavam a estória da «Lontra».
Num palco, situado no recreio, os alunos foram atuando, sensibilizando para as questões ambientais.
O segredo deste evento foi desvendado por crianças do 1º ciclo ao afirmarem que «a Lontra vive no Sítio das Fontes, em Estômbar, faz poções e tem umas asas», adiantando que iam «beber a poção para ganhar asas».
Um conto de descoberta do património ambiental do Algarve
Bernardina é alquimista e «quer inventar umas asas».
De inverno, a Águia-Pesqueira conta-lhe sobre a Escandinávia, de verão o Perna-Longa fala-lhe acerca de África, e Bernardina também quer «velivolar pelo atrimundo».
Entretanto, recebe a visita do Borrelho-de-Coleira-Interrompida, que lhe leva a morraça do sapal, a Andorinha-do-Mar Anã mostra-lhe o estorno e a Dourada leva-lhe o plâncton do estuário.
A Lontra alquimista percebe então que conhece muito pouco acerca do que existe perto de si.
Consegue criar asas, mas fica no seu habitat, para «conhecer cada inseto, cada planta, cada pôr-do-sol daquele lugar encantado onde nasceu».
30 de Março de 2011
14:50
daniel lopes