1. Apresentação
Ensaio
peso 1 — Comunicação e democracia
O papel da imprensa livres e/ou das
redes sociais na sociedade democrática
A democracia deve ser mais do que a
possibilidade de votar em listas de partidos. Deve ser uma discussão
participada, aberta e informada. Esta tem em vista tomar decisões em assuntos
do interesse comum, com as quais cada cidadão se compromete.
Os resultados desta discussão
empenhada são aceitáveis na medida em que distribuem imparcialmente, mas não de
uma forma cega, os benefícios e as obrigações que lhes são inerentes. Uma
democracia saudável exige, por isso, confiança mútua entre os cidadãos e entre
estes e o Estado. Essa confiança baseia-se em: (1) transparência das decisões e
da atuação dos que detêm poder de decisão; (2) prossecução de objetivos comuns;
(3) observância de normas.
São múltiplos os exemplos históricos e
contemporâneos de pessoas ou grupos que utilizam cargos públicos para
satisfazer interesses particulares: indivíduos egoístas, classes, grupos de
interesse ou grandes empresas, por exemplo, posicionam os seus peões em pontos
chave que lhes permitam fazer aprovar leis ou tomar decisões que, favorecendo
arbitrariamente uns, prejudicam e colocam numa situação de inferioridade todos
os outros.
A imprensa livre é importantíssima
para (1) fiscalizar as instituições públicas e os detentores de cargos públicos
e para (2) difundir a informação, consciencializar o público e fomentar a
atitude crítica dos cidadãos em relação à sua sociedade e aos seus líderes.
Quando a imprensa é dominada pelo Estado ou por grandes corporações
empresariais, falha estas funções e serve para modelar a opinião pública segundo
os interesses de quem detém o poder político, económico ou ideológico. Mas
quando é livre, curiosa, diligente e crítica, é capaz de formar uma opinião
pública informada e interventiva que não deixa os políticos corruptos dormir
descansados.
Quanto às redes
sociais… qual é ou pode ser o seu papel? Quais são as suas vantagens e
defeitos? Talvez sejam um pouco como a Wikipedia: podemos encontrar excelente
informação em entradas que beneficiam da colaboração de muitas pessoas e que
são regularmente analisadas por curadores; da mesma forma que qualquer
ignorante pode criar uma entrada e difundir informações falsas ou irrelevantes.
Têm um enorme alcance, mas falta-lhe uma estrutura que garanta a sua qualidade.
Tarefa 1: Partindo de um artigo da imprensa,
produzir um ensaio numa das seguintes formas: exposição do argumento;
discussão; inferência factorial. Deve ter 200-250 palavras, distribuídas por
cinco ou seis parágrafos:
1. Apresentação do problema e tese; a
segunda deve ser uma resposta direta ao primeiro.
2-3. Justificações, um parágrafo para
cada. A ligação à tese deve ser clara e as justificações (ou argumentos) devem
ser sequenciadas de forma lógica.
4. Apresentação e análise de uma
objecção ou tese alternativa.
5. Conclusão/resumo do argumento.
Tarefa 2: Condense o argumento para um texto
que possa ser dito em 80-120’’, grave-o e envie-o ao professor.
2. Notícia - teaser
2019/01/17 — 11.º E, Filosofia
Trabalho
de análise e síntese: produzir um ensaio a partir de uma notícia
O projeto
Daphne: A bomba silenciou a jornalista maltesa, mas não a história — 18/4/2018, 19:21 – Rui
Pedro Antunes, Observador
Seis meses depois do assassinato, um
projeto jornalístico divulga uma investigação detalhada sobre a morte da
jornalista maltesa. Equipa vai também investigar os casos incómodos que Daphne
seguia.
Os
vidros da casa da família Caruana Galizia partiram-se com a força da
explosão. Matthew, aterrorizado, foi o primeiro a dirigir-se à rua e, ainda
descalço, começou a correr na direção do fumo negro. Ao chegar viu que era um
carro em chamas e lá dentro estava a sua mãe, Daphne Caruana Galizia. A
jornalista, que investigava a corrupção em Malta, foi assassinada numa estrada
perto da sua casa. Uma bomba no carro silenciou-a, mas não o seu trabalho. Seis
meses depois do assassinato, o Projeto Daphne desenvolveu uma
investigação, publicada no
The Guardian, com todos os detalhes que se conhecem da morte da jornalista. E
mais: os mesmos jornalistas que têm seguido o assassinato vão continuar a
investigar todos os casos que a jornalista tinha em mãos.
As
investigações de Daphne estavam a incomodar várias pessoas influentes na
política e nas grandes empresas no país. O primeiro-ministro, Joseph
Muscat, e o seu partido são acusados de fomentarem uma conjuntura em Malta onde
a corrupção passa impune e a polícia e a justiça estão cada vez mais
enfraquecidas. Este contexto, denunciado pela oposição e pela imprensa livre,
terá permitido um ambiente que propiciou a morte de Daphne.
Após o
assassinato, a família — em colaboração com 18 organizações de media
internacional, como o The Guardian, a Reuters e o Le Monde — uniram-se para
criar o Daphne Project. A organização
de jornalistas Forbidden Stories,
que tem como missão continuar o trabalho de jornalistas que foram silenciados,
passou meses a investigar a história de Daphne Caruana Galizia e a
desenvolver as investigações que a jornalista maltesa estava a fazer quando foi
assassinada.
O
primeiro momento começa precisamente pela história dos homens que estão a ser
julgados pelo crime e pela tentativa de descobrir quem os contratou e qual o
motivo do assassinato. A investigação jornalística descreve ainda a forma como
Daphane conduzia o seu Peugeot 108 na aldeia onde
vivia, Bidnija. Tudo é descrito ao pormenor, desde onde estava a bomba (no
banco do condutor) até à forma como o corpo da jornalista ficou desmembrado junto
ao local da explosão.
Os
jornalistas do projeto passaram a pente fino a investigação policial desde o
momento em que os suspeitos foram detidos. A 4 de dezembro de 2017, numa grande
operação policial, que envolveu uma abordagem de militares a partir de um
barco coadjuvada por uma equipa de SWAT em terra, foram detidos três
suspeitos. Eram velhos conhecidos da polícia: os irmãos George
e Alfre Degiorgio e o sócio de ambos, Vincent Muscat.
Os
irmãos foram forçados a deitarem-se no chão e Muscat foi algemado a uma grade
de ferro. As autoridades filmaram tudo a partir do capacete de um militar e
cederam as imagens à imprensa. O local onde as autoridades prenderam os três
homens era um antigo armazém de batatas que serve agora para abrigar os barcos
do clube de remo local. No espaço havia de tudo um pouco: bancos de ginásio,
uma churrasqueira e uma sala com uma porta de metal. Havia também equipamentos
de pesca e até um brinquedo suspenso do Homem-Aranha.
Com a
ajuda do FBI e de uma equipa forense da polícia holandesa, as autoridades
maltesas conseguiram perceber que a bomba tinha sido detonada remotamente e
através de um telemóvel. Os criminosos terão detonado a bomba a partir de um
barco no mar. A polícia centrou-se em tentar provar quem tinha feito as
chamadas para o telemóvel que ativou a bomba. Ao serem detidos, nenhum dos
três suspeitos falou e as autoridades acreditam que foram avisados previamente
da detenção.
Mergulhadores
da marinha maltesa conseguiram recuperar oito telefones supostamente usados
pelos suspeitos, que foram entretanto enviados para a Europol na Holanda para
análise. A família deposita no procurador Anthony Vella as esperanças de
descobrir quem ordenou a morte de Daphne, pois temem que a polícia esteja
condicionada e não desenvolva as investigações que possam envolver
políticos.
O
Governo maltês ofereceu uma recompensa de um milhão de euros por informações
que levassem aos assassinos e, apesar das detenções, essa oferta não foi
retirada. O primeiro-ministro maltês já garantiu em comunicado que está em
curso uma investigação para descobrir quem “ordenou o assassinato.” O primeiro-ministro
é, muitas vezes, responsabilizado pelo ataque já que parte das
investigações de Daphne atingiam o seu partido, o Partido Trabalhista. Porém
Muscat confessou que o assassinato o deixou “chocado e ofendido”, pois “nenhum
primeiro-ministro gostaria que um jornalista fosse assassinado em nenhuma
circunstância. Este foi um ataque à nossa sociedade e um ato sem sentido.”
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